28.6.06

Apenas um corpo

Foto colhida aqui

Respira. Um corpo horizontal,
tangível, respira.
Um corpo nu, divino,
respira, ondula, infatigável.

Amorosamente toco o que resta dos deuses.
As mãos seguem a inclinação
do peito e tremem,
pesadas de desejo.

Um rio interior aguarda.
Aguarda um relâmpago,
um raio de sol, outro corpo.

Se encosto o ouvido à sua nudez,
uma música sobe,
ergue-se do sangue,
prolonga outra música.

Um novo corpo nasce,
nasce dessa música que não cessa,
desse bosque rumoroso de luz,
debaixo do meu corpo desvelado.

(Eugénio de Andrade)

7 comentários:

wind disse...

EA Deixa-me sem palavras. Belíssimo!:)
beijos

Anónimo disse...

Oé Pink, vim bater à porta e hoje a tua casa está magnifica...como de costume; mas com um cheirinho diferente no ar!

Gostei, voltarei!
Beijinhos
Princesa

Amita disse...

Vinha agradecer as tuas palavras mas perdi-me na beleza dos cantos que espalhas. Este, do Eugénio, é de uma sensualidade doce
que encanta percorrer letra a letra.
Voltarei
Um bjo e uma flor

Delfim Peixoto disse...

ADOREI!
bjnhs doces

GNM disse...

Também gosto imenso deste poema!

Passa um excelente fds...

Sorrisos...

Anónimo disse...

Sensualissimo!
Consegue sentir-se o cheiro do Amor entre cada letra entreaberta á imaginação!

Kalinka disse...

PINK:
Cá estou ao fim de algumas semanas, tentando regressar aos poucos, não posso abusar!
E, que encontro? Algo tão belo, só podia ser de Eugénio de Andrade...
Palavras de desejo, sol, corpos, musica, nudez, bosque, etc...
SIMPLESMENTE MARAVILHOSO.
Óptima escolha! Aproveito para agradecer sempre as tuas palavras de conforto, cada vez que me visitas, fazem-me MUITO BEM.
Beijokas com carinho.