Foto colhida na net aqui
Como um fósforo a arder antes que cresça
a flama, distendendo em raios brancos
suas línguas de luz, assim começa
e se alastra ao redor, ágil e ardente,
a dança em arco aos trêmulos arrancos.
E logo ela é só flama, inteiramente.
Com um olhar põe fogo nos cabelos
e com a arte sutil dos tornozelos
incendeia também os seus vestidos
de onde, serpentes doidas, a rompê-los,
saltam os braços nus com estalidos.
Então, como se fosse um feixe aceso,
colhe o fogo num gesto de desprezo,
atira-o bruscamente no tablado
e o contempla. Ei-lo ao rés do chão, irado,
a sustentar ainda a chama viva.
Mas ela, do alto, num leve sorriso
de saudação, erguendo a fronte altiva,
pisa-o com seu pequeno pé preciso.
(Rainer Maria Rilke)
(Tradução: Augusto de Campos)
4.7.06
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11 comentários:
Deliciosa descrição!
Bela foto:)
beijos
ser fogo..mesmo atirado num relance feito tempo apagado...valeu a pena...um abraço
Tás lá querida...
Pink no seu melhor!
Devora-se e recomenda-se!!!
Beijinhos muitos
Princesa
:))
O conjunto entre a foto e o poema
está excelente!!!
É sempre um prazer visitar-te.
Sorrisos...
Excelente conjugação do poema e da imagem.
Um bjinho e um doce sorriso
Consegue sentir-se movimento, perfumes e cores nestas palavras...
Beijo Mágico
OLÁ PINK
Agradeço a tua passagem pelo meu cantinho e, como sempre, as palavras de apoio; tal como disse, agora vai devagar...
Gostei desta tua escolha, uma poesia bem estruturada e que fala de tantas coisas belas: luz, dança, fogo, chama viva, gestos, sorrisos, etc. Adorei. Parabéns.
Beijo com carinho.
Querida Pink, nem sempre é assim, mas hoje este texto terá que prestar homenagem à magnífica imagem aqui apresentada! ***** Deliciosa, linda...
Beijinho e bom fim de semana.
Pink que excelente escolha, Rainer Maria Rilke,
as tuas partilhas deliciam
um Senhor na Poesia e com um poema dele comento:
O Solitário
Não: uma torre se erguerá do fundo
do coração e eu estarei à borda:
onde não há mais nada, ainda acorda
o indizível, a dor, de novo o mundo.
Ainda uma coisa, só, no imenso mar
das coisas, e uma luz depois do escuro,
um rosto extremo do desejo obscuro
exilado em um nunca-apaziguar,
ainda um rosto de pedra, que só sente
a gravidade interna, de tão denso:
as distâncias que o extinguem lentamente
tornam seu júbilo ainda mais intenso.
Rainer Maria Rilke
Tradução: Augusto de Campos
um beijo meu, doce menina e com ternura te abraço
lena
Imagem e poema num só. Excelente escolha, alias, como todas que aqui tens e nos brindas. Agradeço-te por isso.
um beijo e uma boa semana
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