31.7.06

Pausa ...


Caros amigos(as) e vizitantes deste espaço, peço desculpa por esta interrupção ... mas o blog segue dentro de um mês :-))) É que vou gozar uma merecidas férias e, desta feita, deixo também a net para trás!


Até Setembro.
Beijinhos!

26.7.06

As ondas

Foto colhida algures na net ...

As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

24.7.06

Canção da minha tristeza

Foto original colhida aqui e posteriormente alterada

Meu coração não está nas largas avenidas
nem repousa à tarde, para lá do rio.
Nada acontece. Nada. Nem, ao menos, tu
virás despentear os meus cabelos.

Nem, ao menos, tu, neste tempo de angústia
vens dizer o meu nome ou cobrir-me de beijos.
Ah, meu coração não está nas largas avenidas
nem repousa à tarde, para lá do rio.

A cidade enlouquece os meus olhos de pássaro.
Eu recuso as palavras. Sei o nome da chuva.
Quero amar-te, sim. Mas tu hoje não voltas.
Tu não virás, nunca mais, ó minha amiga.

Nada acontece. Nada. E eu procuro-te
por dentro da noite, com mãos de surpresa.
Meu coração não está nas largas avenidas
nem repousa à tarde, para lá do rio.

E tu, longe, longe. Onde estás meu amor,
que não vens despentear os meus cabelos?
Eu quero amar-te. Mas tu hoje não voltas.
Tu não virás, nunca mais, ó minha amiga.

(Joaquim Pessoa)

18.7.06

Manto de ternura

Foto colhida aqui

Dizer-te, meu amigo,
que, à uma da manhã
e desta noite,
está lindo o nevoeiro

que um manto de sossego
assim inteiro
eu desejava dar-te
- e ter comigo.

Enviava-te um frasco,
se pudesse,
fechado em carta azul,

ou por fax de sol
(não fora o medo que o sol
o desfizesse)

Assim, mando daqui
esta espessura
de cheiro muito branco
e muito belo:

um manto de ternura
dobado num novelo,
que chegue
até aí.

(Ana Luísa Amaral)

10.7.06

véus brancos ...

Foto colhida na net aqui


véus brancos sobre a
noite escura da cidade.

o teu rosto à contraluz
diáfana da noite.

a saia. e no pano negro
do teu vestido de noite
adivinham-se as pernas,
a forma arredondada dos
teus seios. beijo teus lábios
e luz nos teus olhos, nos meus,
nos teus, o desejo. estamos
sós, já regressámos da festa.
tiro-te a blusa e a noite
rasga-se no despontar belo
e firme do teu peito. beijo-te
sempre deslumbrado como se fora
a primeira vez. deslumbra-se um
halo sob a nudez do teu corpo
e a tua púbis é um peixe e as
algas macias são a pele onde
em voo se aproxima a fragrância
do que se ama e não se esquece

o teu corpo.


(Fernando Bouça)

4.7.06

Dançarina espanhola

Foto colhida na net aqui

Como um fósforo a arder antes que cresça
a flama, distendendo em raios brancos
suas línguas de luz, assim começa
e se alastra ao redor, ágil e ardente,
a dança em arco aos trêmulos arrancos.

E logo ela é só flama, inteiramente.

Com um olhar põe fogo nos cabelos
e com a arte sutil dos tornozelos
incendeia também os seus vestidos
de onde, serpentes doidas, a rompê-los,
saltam os braços nus com estalidos.

Então, como se fosse um feixe aceso,
colhe o fogo num gesto de desprezo,
atira-o bruscamente no tablado
e o contempla. Ei-lo ao rés do chão, irado,
a sustentar ainda a chama viva.
Mas ela, do alto, num leve sorriso
de saudação, erguendo a fronte altiva,
pisa-o com seu pequeno pé preciso.

(Rainer Maria Rilke)
(Tradução: Augusto de Campos)