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Nem todo o corpo é carne ... Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco ...?
E o ventre, inconsistente como o lodo? ...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor ... Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo ...
É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio
vulto da Primavera em pleno Outono ...
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!
(David Mourão-Ferreira)
4 comentários:
De uma beleza única! Belíssima foto. beijos
Agarro teu...
vulto da Primavera em pleno Outono ...
no parque da memória o fugidio,
Parto veloz sem rédeas e sem dono
Levo-te nesta noite, sem sono!
onde me escondo, à beira rio,
Sorris-me, na sedução do olhar,
E dizes-me... para ficar!
Beijo na criança que habita teu ser
natalício.
Luís
Que lindo este poema!
Desconhecia completamente.
Obrigado por partilhares este sentimento profundo.
Beijinhos e Bom Natal.
um natal cheio de coisas boas e doces...tudo de bom para tu e para os teus. Beijokas salgadas e ganges...
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