21.12.05

Presídio

Foto de Karin Rosenthal retirada de www.photoarts.com/

Nem todo o corpo é carne ... Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco ...?

E o ventre, inconsistente como o lodo? ...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor ... Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo ...

É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio

vulto da Primavera em pleno Outono ...
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!

(David Mourão-Ferreira)

4 comentários:

wind disse...

De uma beleza única! Belíssima foto. beijos

Luís Monteiro da Cunha disse...

Agarro teu...

vulto da Primavera em pleno Outono ...
no parque da memória o fugidio,

Parto veloz sem rédeas e sem dono
Levo-te nesta noite, sem sono!
onde me escondo, à beira rio,
Sorris-me, na sedução do olhar,
E dizes-me... para ficar!


Beijo na criança que habita teu ser
natalício.
Luís

Jorge Moreira disse...

Que lindo este poema!
Desconhecia completamente.
Obrigado por partilhares este sentimento profundo.
Beijinhos e Bom Natal.

Salatia disse...

um natal cheio de coisas boas e doces...tudo de bom para tu e para os teus. Beijokas salgadas e ganges...