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Antes de tudo, os olhos:
Aves de ternura, implorando ninhos
em árvore segura.
E a boca, ele viu-a fonte:
eterna nascente de fé no amor,
bordão do descrente.
Amaram-se em silêncios de espanto,
os dedos ávidos
descobrindo sementes de poemas
adormecidos nas fundas raízes dos corpos.
Esqueceram Deus porque Deus lhes perdoava
e esqueceram os homens
porque os homens os não conheciam.
As bocas
afogavam sombras de futuro
talhadas a incerteza
nas próprias almas
e demoraram-se no tempo
porque, cúmplice,
o tempo se demorou neles.
Beijaram-se, dizendo adeus
(quase que um rogo)
em cada peito
uma rosa cor de fogo.
Lelo (23/12/84)
1 comentário:
Mais que lindo, este poema:) beijos e bom domingo*
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