4.2.07

Pantera

Foto colhida na net, aqui.



No Jardin des Plantes, Paris


De tanto olhar as grades seu olhar
esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar.

A onda andante e flexível do seu vulto
em círculos concêntricos decresce,
dança de força em torno a um ponto oculto
no qual um grande impulso se arrefece.

De vez em quando o fecho da pupila
se abre em silêncio. Uma imagem, então,
na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração.

(Rainer Maria Rilke)
(Tradução: Augusto de Campos)

6 comentários:

wind disse...

Excelente poema e bela foto.
O poema denuncia os animais em jaulas e fá-lo muito bem. Gosto muito desse escritor!
beijos

Anónimo disse...

Sabe bem, num dia cinzento, ler Rilke (acabamos por ficar ainda mais cinzentos, mas....)
Gostei de voltar.
bj
Gui
coisasdagaveta.blogs.sapo.pt

Menina Marota disse...

"De tanto olhar as grades seu olhar
esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar."

e a sensação de se estar prisioneiro... olha que não acontece só aos animais... e há grades que não são visíveis.

Bela escolha. Parabéns.

Um abraço carinhoso e continuação de boa semana ;)

Pink disse...

Olá, Wind! Somos duas então! Rilke já é meu velho conhecido desde os tempos do liceu ...!

Um beijo

Pink disse...

Gui, ainda bem que voltaste! Rilke é uma companhia mesmo que nos continue a deixar acinzentar pelo dia!

Beijo

Pink disse...

Olá, Menina Marota! Perfeita a tua interpretação do poema ... Partilho essa tua visão!

retribuo o abraço com carinho e desejo-te bom fim de semana