Foto colhida em http://pro.corbis.com/
A quem senão a ti direi
como estou triste? Mas se a tristeza vem
de tu não estares, como ta direi, como hei-
-de juntar o que me está doendo ao ven-
to que não bate mais à tua porta? Eu sei
que a tristeza é só isto, é só isto,
o descoincidir consigo mesmo, eu sei,
descoincidir com os outros, estavava previsto
porque dentro de si o mundo não coincide e
não há senão tristeza. Em cada um está Cristo
sempre abandonado, cada um abandonado
a si mesmo, sem princípio e sem fim,
pois no princípio o amor era dado
promessa de te ter sempre junto a mim
não ausência, nem dor, nem habitado
ser por este absurdo. Morrer
um pouco, disse, sem saber o que dizia
pois eram só palavras, como se a prometer
tudo aquilo que havia e não havia.
Não haver palavras és tu a desaparecer.
(Bernardo Pinto de Almeida)
1.2.06
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6 comentários:
Um poema demonstrar raiva e negatividade... espero que não seja esse o estado de espirito...
Mais um poeta que desconhecia e gostei. A foto é linda! beijos
um bom dia..desconhecia o poema
Foi escrito com o coração...
Fica bem e sorri!
Pink aconteceu o mesmo aqui, e não sei o que se passou
gosto de ler Bernardo Pinto de Almeida, partilhares aqui a sua poesia é excelente e deixei para ti um bocadinho de um dos poemas dele que gosto muito também:
IV. Noite
Não haver palavras porque as não há
senão dentro de si junto
à boca que já para sempe se quis
calada, palavras para o dizer, para o dizer
mas não exactamente: seja
não haver a palavra lágrima,
a palavra dor, a palavra esquecimento,
a palavra grito,
mas estar lá:
dentro de cada nervo: a lágrima,
a dor, o esquecimento, o grito. Mas mudo. Mudo
como o silêncio de um surdo,
equívoco como o silêncio de um surdo,
raso ao chão como o silêncio depois da tempestade,
parede de silêncio sem outra causa que estar ali. A mão
agarra-te de longe, diz-te: não te inclines,
cuidado, tem cuidado,
- a mão fala? Parecia mesmo a mão a falar. Mas
as mãos não falam...
...
Bernardo Pinto de Almeida
um beijo meu para ti
lena
E no Abandono Encontramos a Força que nos Empurra a um Novo Encontro.
Tal Como a Roda da Vida Sem Proncipio Nem Fim.
BB
)O(
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