18.9.05

Estou vivo e escrevo sol


Foto colhida em http://pro.corbis.com/

Eu escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol

Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol

A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida

Melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maraviha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde

(António Ramos Rosa)

2 comentários:

Pink disse...

Achei o poema belo e a foto igualmente ... não resisti a juntá-los! Ainda bem que foi do teu agrado este post, amigo Jorge.

Indibiduo disse...

Tenho de cá voltar com mais tempo.