8.7.05

Viagem




Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé do marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar ...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).

Prestes larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura ...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.

(Miguel Torga)

2 comentários:

Salatia disse...

A viagem na qual se embarca um dia, para descobrir que a vida é uma viagem...belo!!!

Anónimo disse...

Partir, chegar... mas no meio é que fica a virtude, ;) jokas